terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

"O que eu quero é mais que Liberdade, o que eu quero não tem nome..."

Já li essa frase dezenas de vezes...em profiles do Orkut, como frases de chamada no MSN...isso parece ser um estandarte de um grupo crescente de pessoas...Bem, eu tenho opinião sobre isso também...
Esse bordão, que parece bonito, altivo...de alguém que quer "o máximo que a vida pode lhe oferecer" reflete um pensamento, ou melhor um comportamento que começa inconsequente e termina como egoísta.
Porque eu penso assim?
Porque nada, nada dignamente aceitável ao menos,  é maior que a Liberdade.

Liberdade, em filosofia, designa de uma maneira negativa, a ausência de submissão, de servidão e de determinação, isto é, ela qualifica a independência do ser humano. De maneira positiva, liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. Isto é, ela qualifica e constitui a condição dos comportamentos humanos voluntários.

Não se trata de um conceito abstrato. É necessário observar que filósofos como Sartre e Schopenhauer buscam, em seus escritos, atribuir esta qualidade ao ser humano livre. Não se trata de uma separação entre a liberdade e o homem, mas sim de uma sinergia entre ambos para a auto-afirmação do Ego e sua existência. E na equação entre Liberdade e Vontade, observa-se que o querer ser livre torna-se a força-motriz e, paradoxicamente, o instrumento para a liberação do homem.

Creio que a frase-título baseia-se erroneamente no pensamento de Kant o dizer que ser livre é ser autônomo, isto é, dar a si mesmo as regras a serem seguidas racionalmente. Todos entendem, mas nenhum homem sabe explicar. Kant chama esse aspecto positivo de autonomia. A liberdade que o homem deve aproveitar, em Kant, diz respeito à vontade. Essa vontade não deve ser bloqueada por nenhum tipo de heteronomia. O livre arbítrio deve ser utilizado de forma pura para que não dependa de nada com relação à lei.
Deveria-se no entanto lembrar-se de outro filosofo, Spinoza que ensinou que: A liberdade suscita ao homem o poder de se exprimir como tal, e obviamente na sua totalidade. Esta é também, a meta dos seus esforços, a sua própria realização. Apesar de muitas vezes associarmos o conceito de liberdade à decisão e determinação constante, esta não será bem assim, já que a nossa vida é condicionada a cada ousadia e passo. A deliberação está então conduzida pelo envolvente humano, no qual se inserem as leis físicas e químicas, biológicas e psicológicas. Caso contrário passa a chamar-se libertinagem. Associada à liberdade, está também a noção de responsabilidade, já que o acto de ser livre implica assumir o conjunto dos nossos actos e saber responder por eles. No geral, ser livre é ter capacidade para agir, com a intervenção da vontade.

Após essas citações, posso usar as minhas palavras...Essa ânsia da geração atual em fazer apenas o que for da sua vontade, sob a égide de "querer mais" é apenas o reflexo do hedoísmo e egoísmo culminantes nesse século! As pessoas não querem nenhum responsabilidade, ou compromisso com as CONSEQUENCIAS das suas escolhas, nem ao menos se importam com aqueles que lhes propiciam a realização da sua vontade...Não conseguem, ou não querem ver que ninguém pode sempre e somente fazer "sua vontade"...que o que fazemos influencia a reação das pessoas do nosso convívio e que mesmo negando, as consequencias da execução das nossas "vontades" sempre existirão...
Ao ouvir "o que quero é mais que liberdade..." ouço alguém que quer glória sem conquista, sexo casual sem magoar ninguém, salário sem stress do trabalho, gastos sem contas, diploma sem estudo, família sem cobrança...quer de fato, todas as alegrias da vida, sem o mérito do sacrificio de alcança-las que é o que nos dá real sentido de valor, importância, gratidão...elevação da alma!
Me entristece imaginar um mundo assim para meus filhos: Um mundo onde o "cool" é ser libertino, egoísta , ingrato e, ao fim de tudo...solitário...

Que isso passe...que o mundo acorde...

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